Mercados Emergentes
Uma verdade fundamental caracteriza o mercado mundial do vinho: existe uma tendência estrutural de diminuição do consumo nos países considerados maduros. Esse fenômeno afeta principalmente Itália e França, onde já é observado há décadas, assim como os Estados Unidos, que recentemente entraram em um ciclo negativo. Paralelamente, diversas economias asiáticas estão emergindo como mercados cada vez mais atrativos, entre elas Tailândia, Filipinas, Vietnã e Malásia.
O envolvimento das gerações mais jovens
O consumo de vinho mostra-se cada vez mais ligado a consumidores mais velhos. O envelhecimento da população na Europa e na Ásia acentua essa tendência, enquanto permanece o desafio de aproximar os jovens do mundo do vinho. Segundo a IWSR, líder mundial na análise de dados sobre bebidas alcoólicas, os volumes de consumo na maioria dos principais mercados continuarão a diminuir nos próximos anos.
A Geração Z não apresenta o mesmo entusiasmo pelo vinho que se observava há quinze anos. Os jovens preferem bebidas mais leves e se mostram atraídos por alternativas como cervejas, coquetéis e drinks prontos. Mesmo os millennials não mantêm fidelidade exclusiva à categoria do vinho, sendo facilmente influenciados pelas modas do momento.
O movimento de “beber menos, mas melhor” prossegue, ainda que mais lentamente, sustentado pelos hábitos dos jovens consumidores. Os segmentos de vinhos de entrada e de menor valor estão perdendo participação de mercado mais rapidamente, enquanto as faixas premium e superiores continuam ganhando espaço. De acordo com a IWSR (International Wine and Spirits Research), essa mesma dinâmica é observada também na Índia e na China, com crescimento dos volumes de vinhos super-premium e superiores.
Vinhos Leves
Os vinhos leves distinguem-se pelo baixo teor alcoólico (geralmente inferior a 12% vol.), estrutura modesta e frescor, traduzindo-se em sabor mais delicado, sensação menos “pesada” no paladar e aromas frescos de frutas e flores. São vinhos fáceis de beber, muitas vezes jovens e não envelhecidos em madeira, ideais para aperitivos e refeições leves, podendo ser tranquilos ou frisantes.
Características principais
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Baixa graduação alcoólica: geralmente inferior a 12%, mais fácil de beber e com menos calorias.
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Corpo leve: menos densos e pesados no paladar.
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Frescor e acidez: acidez vibrante que refresca o palato.
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Perfis aromáticos: notas frescas de frutas (cítricos, maçã verde) e florais, sem a complexidade dos vinhos estruturados.
Como se produzem e fatores que influenciam
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Vitigno e zona de produção: regiões frescas geram uvas com menos açúcar, resultando em menor teor alcoólico.
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Técnicas de vinificação: uso de recipientes inertes (aço, cimento, fibra de vidro) preserva frescor e características varietais.
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Maceracão curta: nos tintos leves, reduz taninos e cor.
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Fermentação interrompida: nos doces leves, interrompe a transformação de açúcar em álcool.
Quando e como beber
Vinhos leves são ideais para aperitivos e pratos leves à base de peixe, queijos e embutidos. Tintos leves acompanham bem refeições cotidianas pela versatilidade e devem ser servidos na temperatura correta para destacar frescor e aromas.
Variedades típicas
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Tintos: Pinot Noir, Gamay (Beaujolais), Frappato (Itália).
- Brancos: Pinot Grigio, Sauvignon Blanc, Riesling.
Intervenções na viticultura
Para conter o aumento do teor alcoólico, viticultores adotam técnicas como:
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Desfolha tardia: reduz fotossíntese, limitando a produção de açúcares.
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Desponta no início do pintor: ajuda a conter acúmulo de açúcares.
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Poda tardia: retarda a brotação, diminuindo acúmulo de açúcares.
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Colheita antecipada e irrigação pré-colheita: permitem misturar uvas maduras com precoces, resultando em vinhos mais leves sem perda de qualidade.
Na cantina (vinícola)
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Filtração do mosto antes da fermentação.
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Interrupção da fermentação alcoólica para preservar açúcares residuais.
- Uso de leveduras selecionadas com baixa produção de etanol, enriquecendo o perfil aromático.
A ascensão do low-alcohol
Nos 10 principais mercados, o low-alcohol teve crescimento de +8% em 2023, puxado pelos EUA. O marketing enfatiza o conceito “better-for-you” (melhor para você), destacando menos carboidratos, calorias e açúcares.
Os vinhos sem álcool também cresceram +7%, ainda que com menor disponibilidade e resistência do público quanto ao sabor e qualidade. Muitos consumidores acabam migrando para cervejas ou RTDs (ready-to-drink).
A maior procura vem de jovens em busca de bem-estar, saúde e consumo consciente. O desafio é manter corpo e autenticidade quando se retira o álcool, já que isso altera sabor e textura. Alguns produtores recorrem ao mosto concentrado para compensar.
Perspectivas globais
O mercado mundial de bebidas no/low-alcohol já ultrapassou 12 bilhões de euros, crescendo 5% em 2023. Estima-se avanço de 6% ao ano até 2027, com bebidas não alcoólicas liderando (+7% ao ano).
Entre 2022 e 2024, cerca de 60 milhões de pessoas consumiram bebidas sem álcool e 38 milhões low-álcool, com destaque para EUA (+37 milhões) e Brasil (+13 milhões).
A mudança de hábitos mostra uma queda lenta, mas constante, no consumo de bebidas de alta graduação, substituídas por opções mais leves.
Autor convidado: Piero Artuso – o premiado enólogo do Sul da Itália
Com mais de 20 anos de experiência, Piero Artuso atua como consultor enológico na Puglia, Basilicata e Calábria. Formado em Enologia e Viticultura pela Universidade de Ancona, é Sommelier AIS, docente da ONAV e jurado em competições internacionais como Vinitaly e Concours Mondial de Bruxelles.
Apaixonado pela biodiversidade do Sul, assina vinhos autênticos e premiados, reconhecidos em enotecas e guias internacionais.
https://www.linkedin.com/in/piero-luigi-artuso-294a2350/

Bruna /
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Luciana Marinho /
É fascinante perceber como o vinho acompanha as transformações culturais e geracionais. A análise de Piero Artuso mostra com clareza que estamos diante de uma mudança estrutural: consumidores buscam leveza, frescor e experiências alinhadas ao bem-estar. Isso não significa perda de identidade, mas sim a oportunidade de reinventar o vinho como companheiro de novos estilos de vida. O movimento low/no-álcool não é apenas uma tendência de saúde, é também um convite à criatividade enológica e à conexão com públicos mais jovens e conscientes.
Obrigada, Piero, por compartilhar uma visão tão lúcida e inspiradora sobre o futuro do vinho. 🍷✨
Gabriela /
Muito legal, adorei!