Após mais de duas décadas de negociação, os blocos do Mercosul Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e os 27 Estados-membros da União Europeia estão prestes a inaugurar uma nova etapa em sua relação comercial.
O acordo representa uma janela estratégica para o comércio, os investimentos e a cooperação regulatória entre América do Sul e Europa.
Para empresas brasileiras que atuam com importação, exportação e internacionalização, o cenário indica um novo patamar de oportunidades — acompanhado de exigências mais altas em compliance, rastreabilidade e segurança digital.
O que está em jogo: escopo e principais elementos
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O acordo foi anunciado politicamente em dezembro de 2024 e cobre os quatro países do Mercosul e os 27 da União Europeia.
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Prevê a eliminação gradual de tarifas e a criação de regras mais previsíveis para investimento e propriedade intelectual.
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Inclui compromissos de sustentabilidade, proteção ambiental e direitos trabalhistas.
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Protege mais de 300 produtos europeus com indicação geográfica e mantém elevados padrões sanitários e fitossanitários.
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Empresas europeias poderão economizar até €4 bilhões anuais em tarifas, segundo a Comissão Europeia.
O que representa para o Brasil e para as empresas
Oportunidades
Para exportadores, abre-se uma porta de entrada ampliada ao mercado europeu, com maior previsibilidade e acesso regulado.
Para importadores e distribuidores, surgem novas possibilidades de sourcing e redução de custos tarifários.
Desafios
O acordo ainda depende de ratificação parlamentar em todos os países, o que pode postergar sua entrada em vigor.
Setores sensíveis, como carnes e açúcar, terão cotas ou tarifas especiais, e os padrões europeus de qualidade continuarão elevados.
Empresas precisarão comprovar conformidade com normas ambientais, sanitárias e trabalhistas para operar nesse novo contexto.
Implicações estratégicas: comércio exterior e segurança digital
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Planejamento de longo prazo: a previsibilidade regulatória favorece contratos e logística internacional.
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Compliance e contratos: é essencial revisar cláusulas de origem, certificações e exigências ambientais.
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Segurança digital: cadeias de suprimento mais integradas demandam proteção de dados e rastreabilidade eficiente.
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Governança tecnológica: reforçar infraestrutura de TI e due diligence de fornecedores se torna diferencial competitivo.
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Integração Brasil–Europa: o país consolida-se como ponte estratégica entre América Latina e o mercado europeu.
Cinco passos para empresas
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Mapear produtos e serviços com potencial de exportação para a União Europeia.
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Revisar contratos internacionais e práticas de compliance.
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Auditar a cadeia de fornecedores e garantir rastreabilidade.
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Investir em segurança digital e governança de dados.
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Acompanhar o processo de ratificação do acordo e suas atualizações oficiais.
O que esperar?
O Acordo Mercosul–União Europeia é uma das iniciativas comerciais mais relevantes das últimas décadas.
Ele amplia o papel do Brasil no comércio global e redefine parâmetros de competitividade, transparência e inovação.
Para o setor empresarial, representa um convite à adaptação e à excelência em práticas de governança, sustentabilidade e segurança corporativa.
Estar preparado significa transformar essa mudança em vantagem estratégica e posicionar-se de forma sólida no cenário internacional.